Os relatos da tragédia são muitos, mas diante de tanto sofrimento resolvi buscar informações sobre um lugar especial... O medo era que esse lugar (mágico, com certeza) também tivesse sido destruído... É o Jardim do Nêgo. Um sítio, na estrada Friburgo-Teresópolis, na altura do Campo do Coelho. Como o nome diz, trata-se de um jardim. Mas é um jardim de esculturas a céu aberto. Todas esculpidas pelo Nêgo, um artista fantástico.
A matéria-prima do Nêgo é a terra. Cada pedacinho do sítio foi delicadamente esculpido. Há "a mulher" (foto). Ela vive desde 1980 logo atrás da casa do Nêgo (abalada por um deslizamento), protegida por uma camada de musgos que caprichosamente lhe dá roupas diferentes conforme a estação do ano. Há a tartaruga, cujo casco é uma pedra que "apareceu" ali mesmo, naquele pedacinho de barranco. Há elefantes, um bebê, uma família de retirantes... Havia um presépio onde o visitante interagia e virava o próprio menino Jesus. Mas essa obra foi destruída pela mesma terra que é matéria-prima, assim como parte da Índia, assim como os cachorros selvagens que subiam pelas pedras, assim como o bêbado em construção...
Estive no Jardim do Nêgo no último domingo. Está fechado para visitação. A previsão é de que volte a receber turistas apenas em abril. Não tirei fotos das esculturas afetadas. Não se faz necessário guardar imagens de obras de arte destruídas... Mas guardo a mensagem do próprio artista. Em 15 minutos de conversa Nêgo fala dos poderes do Universo, das sinalizações que o número 3 dá ao mundo, dos ensinamentos budistas, cita Franz Kafka e Allan Kardec... Tudo para terminar dizendo: Eu olhava para cada canto e tudo já estava esculpido. Olha quanta terra eu tenho agora!
Aguardarei feliz até abril.
Yuki
Nossa, também estava com receio de que algo tivesse acontecido com ele. Mas após matéria no Globo, vi que ele estava bem. E, depois deste seu relato do que conversou com ele, vejo que o lugar continua especial. bjs
ResponderExcluir