segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mais notícias sobre nosso final de semana...

A repórter Lena Pereira fez um relato detalhado do Cidadania Móvel no blog da Rádio Globo. Confira as ações de domingo e, se você não participou do evento, as portas estão abertas para futuras ações!

O mapeamento do distrito de Campo do Coelho está chegando ao fim. A tarde de domingo avança e os voluntários precisam voltar. Será necessário percorrer ainda muitos pontos de desabamento, mas a maioria dos integrantes do Ceso mora no Rio de Janeiro e trabalha na segunda-feira. É missão para mais um fim de semana.

Para a equipe da Rádio Globo, a experiência foi emocionante. Wesley e eu, além de outros companheiros, subimos a serra diversas vezes desde que a tragédia aconteceu. Todas as vezes, voltamos chateados por ver que muito pouco se avançou e por perceber o que se espera para as chuvas do próximo verão. Desta vez, os comentários são outros. O problema persiste, as encostas ainda ameaçam e as pessoas continuam com muitas necessidades. Mas, no meio de tanta desesperança, há um grupo que segue firme no propósito de mudar essa realidade. Segue tão firme que faz a gente acreditar que muitas coisas ainda serão feitas. As cestas básicas, os kits escolares, os cobertores já chegaram. Faltam os médicos, os documentos, as casas, muita coisa. Mas obstáculos são superados um de cada vez e o bacana é pensar no próximo: a continuidade do mapeamento.

Os voluntários do grupo Convergindo Esforços, Superando Obstáculos se conheceram pela internet e até hoje trabalham em rede. Quem quiser participar, ajudar, saber mais pode acessar o site do grupo: www.cesorj.com.br

Moradores escavam e encontram corpo na região

No caminho para Três Cachoeiras, o primeiro ponto visitado é a casa de Matilde Santos. Ela fica feliz ao perceber a presença dos voluntários, que já estiveram com ela em outras ocasiões. Matilde perdeu 10 familiares: mãe, irmão, sobrinhos. Alguns parentes ainda estão desaparecidos. Na última sexta-feira, o marido de Matilde, Juarez da Conceição, se uniu a outros moradores para tentar encontrar os corpos. Cavaram por quatro horas e encontraram um cadáver, que levaram para a delegacia de Nova Friburgo.

Ainda dói pensar que é domingo e que ela não vai para a casa da mãe, como fez a vida toda. Matilde chora na hora de responder o cadastro e agradece a palavra amiga que está recebendo. Mas ela lembra que em breve as visitas vão embora e que ela vai continuar convivendo com esta imensa dor. Com a doação que recebe, conta que vai cozinhar feijão.

Muito trabalho pela frente no lindo domingo de sol

A Queijaria Escola novamente é o ponto de encontro dos voluntários do Ceso. Eles vão continuar o cadastramento dos moradores de Campo do Coelho, em Nova friburgo. Na manhã de domingo, há menos jipes e um número menor de voluntários. Muitos não puderam ficar e apenas quatro carros com tração nas quatro rodas vão perseguir os pontos de desabamento do terceiro distrito de Nova Friburgo. Como os pontos mais difíceis foram percorridos no sábado, seis carros de passeio se integram ao grupo para chegar aos locais próximos à RJ-130, de acesso mais fácil.

O motorista de ônibus Joílson Chagas é um dos novos participantes do domingo. Ele ficou famoso por devolver 75 mil reais encontrados no veículo que dirigia três meses depois de perder a casa no bairro de Duas Pedras. Também vítima da enchente e ainda morando de favor na casa da irmã, Joílson vai usar as horas de folga para ajudar os voluntários do Ceso.

As incursões são necessárias porque o trabalho dos voluntários é atender as famílias que estão isoladas pelas estradas em más condições e a ausência de transporte público. Estes são os que passam por mais necessidades e os que recebem menos ajuda. O objetivo do Ceso é coletar o maior número de informações sobre os esses moradores, para conseguir parcerias que supram as necessidades deles: alimento, assistência médica, apoio psicológico, moradia, documentos, aluguel social.

O grupo sobe a serra desde 14 de janeiro, dois dias após a tragédia que devastou Nova Friburgo. Desde então, os voluntários fizeram mais de 20 visitas à cidade com diversos objetivos. Entregaram três mil cestas básicas, 10 mil litros de água, mil kits de limpeza, 250 cobertores e 2.500 kits escolares. Captaram recursos para o aluguel de um galpão onde coubessem os donativos, reconstruíram a casa de um casal de idosos e buscam parcerias para a contrução de oito casas e de uma sala de aula. É pouco num universo de 5.317 desalojados e desabrigados (números oficiais do Governo do Estado), mas, se tudo der certo, serão efetivamente nove famílias com um lar. Hoje, não temos notícia de nenhuma além do casal de idosos.

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